A higiene íntima da mulher é muito importante e deve ser feita de forma adequada para não virar um problema de saúde. Por isso, a pergunta é: Você, mulher, sabe como cuidar bem dessa região tão importante? Se não souber, não se preocupe, nós vamos ajudá-la com algumas dicas dadas pela Dra. Gislayne Nunes de Souza, ginecologista do Hospital das Nações.
Primeiramente, é importante você saber que a vagina possui um pH próprio com uma ligeira acidez que deve ser mantida e que alguns hábitos errados podem causar desiquilíbrio neste pH e na flora vaginal natural, resultando em irritações, infecções ou micoses vaginais.
Além disso, outra informação relevante é a de que existem na região vulvar dois tipos de bactérias, as saudáveis e as ruins. As saudáveis são os lactobacilos, que atuam na proteção e manutenção do pH adequado da vagina para afastar as bactérias ruins. Entre as bactérias mais perigosas à vagina estão aquelas relacionadas com as fezes. Elas são responsáveis pela maioria dos corrimentos e infecções na região, chamadas de vaginose bacteriana ou vaginite bacteriana.
De acordo com a médica, para manter essas bactérias ruins afastadas e garantir a presença dos lactobacilos, é preciso realizar uma higiene íntima de qualidade, e durante o dia todo, pois a região vulvar é quente, úmida e escura, ou seja, um ambiente propício para a proliferação das bactérias ruis.
Dra. Gislayne explica que o pH vacinal é ácido, em torno de 4,0 e 5,0 e qualquer fator que o altere, influenciará também na flora bacteriana da região. Por isso, é preciso ficar atento quanto aos produtos que estão sendo utilizados para tal. “Para a higiene da região vulgar recomenda-se o uso de sabonete íntimo com pH ácido entre 4,5 e 5,0, que ajudam na flora vaginal. Não é recomendado usar os sabonetes cremosos, que tem o pH muito alto e prejudicam o controle das bactérias saudáveis. Eles desregulam a flora vaginal”.
A higiene íntima ideal para a mulher deve ser realizada de uma a duas vezes ao dia, segundo a ginecologista. “Se for para a academia, pós banho de piscina, mar ou relação sexual é necessário a higiene na região. Não pode deixar a roupa íntima molhada por horas, nem ficar sem tomar banho e secar a região vaginal”, comenta. “Se a paciente suar muito na região vulvar, recomenda-se a troca de calcinha mais vezes. Não é recomendado o uso de protetores diários”, complementa.
Dra. Gislayne deu algumas dicas para você manter bons hábitos que ajudarão em sua higiene íntima. Confira:
– Lavar bem a área externa da vagina. Não é recomendado “ducha” ou a inserção de qualquer solução na arte interna da vulva.
– Lavar somente por fora, nas dobrinhas. E no capuz do clitóris, onde acumula sujeita. Utilize um espelho para tal. Nunca deixe resíduos de sabonete na região.
– Não usar lenços íntimos umedecidos na região da vulva. O lenço é feito para a pele e não para a vagina. O ideal é lavá-la após urinar ou evacuar. Utilize apenas em situações extremas, quando não conseguir tomar banho em um curto período.
– Não utilizar desodorantes íntimos, que podem dar origem a alergias. Se for fazer o uso, somente na dobra da virilha.
– Usar sempre calcinha limpa e de fibras naturais: poliamida, algodão. Não usar de elastano, pois abafa e aumenta a temperatura na região.
– Manter a higiene da calcinha lavando na mão, em uma bacia separada, específica para lavagem de roupas íntimas. Não usar a bacia para lavar outros itens, pois as bactérias se proliferam no ambiente. Então, se você lavar o pano de chão na mesma bacia estará colocando em risco a sua saúde vaginal.
– Calcinha é para usar no máximo por 3 meses. É um item que deve ser descartável. Utilize-as de algodão no dia a dia e deixe as mais caras e bonitas apenas para “namorar”.
– Manter a gaveta de calcinhas bem asseada. Limpar com vinagre branco, de álcool. Isso evita a proliferação de bactérias.
– Não guardar calcinhas na mesma gaveta de meias e outros itens.
– Passar a calcinha se não secar em máquina.
– Cuidado com as toalhas. Usar sempre uma limpa e não a mesma várias vezes.
A médica esclarece também que a falta de higiene íntima pode ocasionar situações de secreções na região vaginal. Essas secreções podem surgir com ou sem cheiro. As secreções com odores, dores e coceiras são as que merecem mais atenção, pois podem indicar algo mais grave, tais como câncer de colo de útero, câncer de endométrios, além de propiciar o surgimento de doenças sexualmente transmissíveis como sífilis, hepatites B e C, HIV entre outras. Em ambos casos é preciso buscar orientação de um especialista para iniciar um tratamento adequado.