Câncer de próstata: mitos e verdades

O câncer de próstata é o câncer que mais afeta os homens, após o câncer de pele. No Brasil, a cada 38 minutos um homem morre vítima da doença, segundo dados do INCA – Instituto Nacional do Câncer. Esses números se agravam com os mitos em torno da doença, que, infelizmente, levam muitos homens a não procurar ajuda e nem ter acompanhamento preventivo.

Impotência e incontinência urinária

Os mitos mais disseminados estão em torno da vida sexual do homem. Ou melhor, em torno do fim da vida sexual, já que em alguns tratamentos para o câncer de próstata, como a cirurgia, por exemplo, pode ocorrer uma lesão nos nervos que rodeiam a próstata e controlam a ereção peniana. Mas é preciso ter cautela sobre o tema. Especialistas esclarecem que para ocorrer a extensão dessa lesão depende de uma série de fatores, como localização e tamanho do tumor e do tipo de tratamento realizado. Além disso, a capacidade de recuperar o controle da função erétil também depende da idade do indivíduo e se já apresentava problemas de ereção antes da cirurgia.

Segundo estudos recentes, cerca de metade dos homens com bom desempenho sexual antes do tratamento do câncer de próstata ainda terá uma boa função após o tratamento da doença. Outros homens apresentarão impotência moderada a severa, mas a maioria tem apenas uma pequena perda da função sexual, que muitas vezes volta ao normal dentro de alguns meses a um ano após o tratamento. Dessa forma, a idade pode ser um fator complicador e, à medida que os homens envelhecem, já têm algum comprometimento da função sexual.

Em relação à incontinência urinária, os estudos revelam que um em cada cinco homens tratados de câncer de próstata apresentam incontinência urinária como consequência do tratamento, e os pacientes mais jovens geralmente evoluem melhor. Atualmente estão disponíveis melhores tratamentos tanto para problemas da função sexual quanto de incontinência urinária.

Atividade sexual e câncer de próstata

Outro mito está relacionado ao fato do exercício da atividade sexual como sendo fator facilitador do aumento no risco de desenvolver câncer de próstata. Trata-se de um mito. A ejaculação por si só e não sua frequência, não tem sido associada ao câncer de próstata.

Aproximadamente 62% dos casos de câncer de próstata diagnosticados no mundo são feitos em homens com 65 anos ou mais. Mas isso não prova a relação da doença com a idade. De acordo com especialistas, apesar de ser mais comum com o aumento da idade, o câncer de próstata pode atingir homens de todas as idades. Por isso, todos devem ficar atentos aos fatores de risco pessoais e conversar com o médico para a realização de exames que permitam a detecção precoce da doença.

Histórico familiar é ponto de observação

Segundo especialistas, apesar de um histórico familiar de câncer de próstata dobrar as chances de ter a doença, 1 em cada 6 homens serão diagnosticados com câncer de próstata. Mas é preciso ficar atento, pois o histórico familiar e genético tem um papel importante no risco de um homem desenvolver a doença. Um homem cujo pai foi acometido pela doença, é duas vezes mais propenso a ter doença; além disso, o risco aumenta se o câncer foi diagnosticado em um membro da família com menos de 55 anos ou se a doença acometeu três ou mais membros da família.

Vasectomia

Estudos recentes também desmentem outro mito, o que relaciona a vasectomia como um fator de risco para o câncer de próstata.

Sintomas

O câncer de próstata é praticamente assintomáticos e, em muitos casos, os sintomas podem ser confundidos ou atribuídos a outras patologias. Mas alguns dos sinais da doença são frequentemente detectados pela primeira vez durante um check-up de rotina. Por isso a importância de visitar o médico regularmente.

De acordo com médicos, quando há sintomas, os mais comuns são: necessidade frequente de urinar, dificuldade em iniciar ou interromper a micção, fluxo fraco ou interrompido de urina, dor ou ardor, dificuldade para ter uma ereção, ejaculação dolorosa, sangue na urina ou no sêmen, dor frequente e rigidez na parte inferior das costas, quadris ou coxas.

Outro mito está na compreensão sobre o exame de PSA. Ele não é utilizado para diagnosticar a doença ou localizar o câncer, mas para medir os níveis do antígeno prostático específico na próstata. O PSA é produzido pela próstata em resposta a uma série de alterações que possam estar presentes na próstata, incluindo uma infecção ou inflamação (prostatite), o aumento de tamanho da próstata (hiperplasia benigna da próstata) ou, possivelmente, o câncer. Segundo especialistas, o PSA é o primeiro passo no processo de diagnóstico da doença, pois ajuda a detectá-la em estágios iniciais, quando é possível ser tratada. Esse exame salva a vida de aproximadamente 1 em cada 39 homens que realizam o exame.

Toque retal

O exame de toque retal é um dos mitos mais antigos.  Esse exame é o mais eficaz no diagnóstico precoce quando é feito concomitante ao PSA e a avalição dos fatores de risco do paciente. Isso ocorre porque o aumento do tamanho da glândula prostática, que é reconhecido ao toque do médico, é um sinal de câncer de próstata.

Todos os casos de câncer de próstata necessitam de tratamento?

De acordo com especialistas, nem todos os tipos de câncer de próstata requerem tratamento imediato. Antes de iniciar um tratamento, diversos fatores são observados:  idade, estadiamento do tumor, quantidade de células cancerígenas presentes no tecido da biópsia, sinais e sintomas e estado de saúde geral do paciente. Alguns casos exigem cirurgia ou radioterapia, e outros podem fazer o que se denomina vigilância ativa. O acompanhamento e monitoramento da doença é recomendado antes de iniciar qualquer tratamento. É o médico que decide qual o melhor tratamento para cada caso.