A obesidade é considerada um grave problema de saúde pelos órgãos competentes. É uma doença crônica que atinge bilhões de pessoas em todo o planeta. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que até 2025 serão cerca de 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e mais de 700 milhões de obesos. As crianças não ficam de fora e o número pode chegar a cerca de 75 milhões.
Diante deste cenário, a obesidade passou a estar associada às altas taxas de mortalidade e muitas pessoas estão procurando tratamento, especialmente, a cirurgia bariátrica. Mas é preciso ter cuidado, nem todos os pacientes podem passar pelo procedimento. O médico especialista irá avaliar o histórico de saúde e familiar de cada paciente e avaliar se está apto para a bariátrica.
Especialistas explicam que o tratamento da obesidade tem como base alguns pilares: a orientação dietética, a prática de atividade física e o tratamento farmacológico. Assim, a cirurgia bariátrica é uma alternativa segura para o paciente que deseja perder peso de forma correta e saudável. O percurso não é fácil, especialmente por lidar com a forma de alimentação do paciente, há risco de déficit nutricional se não houver um acompanhamento adequado de profissionais preparados para tal. Dra. Carina Plocharski, nutricionista do Instituto Paulo Nassif responde as principais dúvidas sobre o tema, confira:
Por que pacientes de bariátrica apresentam maior risco de desenvolver déficit nutricional?
A deficiência nutricional pode acontecer devido à limitação na ingesta de alimentos, uma vez que, após a cirurgia, altera o volume gástrico. Além disso, a deficiência pode acontecer pela absorção de nutrientes que passa a ficar reduzida nos casos de algumas técnicas cirúrgicas.
Como lidar com esse quadro?
Através do acompanhamento com equipe multidisciplinar capacitada e com experiência no tratamento de pacientes pós-cirurgia bariátrica. Uso de suplementação multivitamínica e acompanhamento com nutricionista é fundamental para não ocorrer deficiências nutricionais importantes.
Quais os riscos de um quadro de desnutrição ou anemia no futuro do paciente de bariátrica?
Muitos nutrientes podem sofrer alteração após a cirurgia e por isso é tão importante estar atento aos exames laboratoriais e a avaliação clínica do paciente. A anemia por deficiência de ferro: pode acontecer no pós-operatório, pois há diminuição de ingesta dos alimentos ricos em ferro (principalmente carne vermelha) e pela redução da absorção, já que o alimento não passa mais pela parte inicial do intestino onde fica o principal sítio de absorção deste nutriente e também há menor produção de ácido gástrico, fundamental para melhor absorção do ferro. É importante observar os sinais de deficiência que são fraqueza, fadiga, palidez da pele e mucosas.
Como é o tratamento para afastar esse risco de déficit nutricional do paciente de bariátrica?
O tratamento é avaliado em equipe após avaliação dos exames e quadro clínico do paciente, mas o mínimo seria o uso de multivitamínico 5x na semana. No entanto, segundo alguns estudos, somente 33% dos pacientes aderem a essa recomendação expondo-se ao risco de complicações. Importante sempre lembrar que a cirurgia bariátrica é um tratamento sério que envolve acompanhamento continuo que evite reganho de peso, complicações por deficiências nutricionais, ou alterações endocrinológicas.
O acompanhamento nutricional é importante para esses pacientes por quê?
O acompanhamento nutricional é fundamental e não deve ser negligenciado porque, a partir do momento que o paciente faz a cirurgia bariátrica, ele entra em risco nutricional. Inicia então o processo de educação/orientação alimentar com auxílio da nutricionista, em que podemos destacar:
- Alimentação adequada em calorias, macro e micronutrientes de acordo com a evolução da dieta.
- Reposição multivitamínica extra e uso de suplementos alimentares, quando necessário.
- Controle da perda de peso de forma mais saudável possível.
- Prevenir complicações pós-cirúrgico em nível nutricional.
- Dar continuidade às mudanças de hábitos alimentares.